quinta-feira, 8 de dezembro de 2011


Cruzes na Esplanada dos Ministérios lembra situação de atingidos por desastres

Cinco mil cruzes fincadas no chão da Esplanada dos Ministérios, em Brasília (DF), chamaram a atenção de quem passou pelo local na manhã desta quinta-feira, dia 24. O ato público, promovido pelo Conselho Federal de Psicologia, teve o objetivo de chamar a atenção para a grave situação dos afetados por desastres no país que mantém a condição de vulnerabilidade por conta de incipientes políticas que deem conta da prevenção e da agilidade no processo de reconstrução.
O conjunto de cruzes, que simboliza milhares de mortes ocorridas nos últimos anos em decorrência de catástrofes ambientais e pretende sensibilizar gestores e opinião pública, veio acompanhada de um guindaste de 15 metros que segurou o mapa do Brasil com o número dos afetados em todos os estados Brasileiros em 2010, de acordo com dados da Secretaria Nacional de Defesa Civil.
Os estados com maior número de atingidos foram o Piauí com mais de 772 mil, Bahia com 429.672, Minas Gerais com 1.048.426 e o Rio de Janeiro com mais de seis milhões e 400 mil afetados, devido ao desastre ocorrido em janeiro deste ano na região serrana fluminense. “Perdi tudo, perdi minha casa, todo meu patrimônio, o registro da minha história,
Edilson: "Perdi meus sonhos."
perdi meus sonhos”, relatou Edilson Alvez de Moura, que, há dois anos, deixou sua cidade natal em Sergipe para morar em Nova Friburgo, região serrana do Rio. Segundo ele, 11 meses após a tragédia o cenário é quase o mesmo. “A população está fragilizada e com medo, porque o período das chuvas está chegando novamente. A saúde mental das pessoas pós-tragédia está totalmente comprometida.”
Após o ato, representantes dos atingidos por desastres seguiram, acompanhados pelo Conselho Fiscal de Psicologia e pela Cáritas Brasileira, parceira na iniciativa, para uma audiência com o ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Aloisio Mercadante, e com o secretário de Políticas Públicas e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, Carlos Nobre.
Na ocasião, Mercadante falou sobre o sistema de alerta a prevenções que está sendo desenvolvido pelo ministério. “Dos mais de cinco mil municípios brasileiros, apenas 25 cidades possuem um levantamento geológico adequado. Faltam profissionais nesta área, mas garanto que nós cumpriremos a nossa parte. Nossa responsabilidade termina no alerta”, afirmou o ministro que convidou os atingidos para conhecer todo o projeto do sistema de implantação de alerta e propôs avaliações semestrais ou trimestrais conforme análise e necessidade a ser discutido junto com os afetados. “É preciso integrar todos os serviços para a política de emergências”, defendeu.
Tatiana (primeira da esquerda para direita): "Não somos ouvidos"
Tatiana Richart Reichert, agricultora e representante dos atingidos de Santa Catarina, perdeu 14 pessoas de sua família em decorrência das fortes chuvas que assolaram o estado em 2008. Hoje, presidente da Associação dos Desabrigados e Atingidos da Região dos Baús, Tatiana foi firme ao dizer ao ministro que aqueles que mais precisam ser ouvidos não são. “Três anos após a tragédia e até hoje tem gente sem casa. Sabemos que saíram recursos do governo federal, mas onde estão que não chegam aos afetados? Falta fiscalização, falta voz. Não somos ouvidos!”
José Magalhães de Sousa, assessor nacional de Gestão de Riscos e Emergências da Cáritas Brasileira, lembrou que o projeto de lei que será encaminhado para o Congresso Nacional ainda não foi analisado pelo Conselho Nacional de Defesa Civil. “Tem que haver sinergia entre os ministérios na construção de uma política pública de prevenção.”
Também promovido pelo Conselho Federal de Psicologia, termina amanhã, dia 25, em Brasília, o II Seminário Nacional de Psicologia em Emergências em Desastres. O evento propõe uma avaliação do processo de organização e configuração do trabalho dos psicólogos e psicólogas sobre o tema, além de possibilitar a expressão das produções e dos profissionais; produzir uma avaliação da conjuntura nacional e internacional sobre o tema de emergências e desastres; discutir a relação do tema com as políticas públicas; e estimular a integração latino-americana através da articulação da Rede Latino-Americana de Psicologia em Emergências e Desastres.
José Magalhães, que também é membro do Conselho Nacional de Defesa Civil e do Fórum de Mudanças Climáticas, participará amanhã, dia 25, da mesa redonda “Organização da Sociedade civil no enfrentamento de emergências e desastres” a partir das 17h. O seminário ocorre na Fundação de Empreendimentos Científicos e Tecnológicos (Finatec), localizada na Universidade de Brasília (Campus Universitário Darcy Ribeiro, Av. L3 Norte).
Representantes dos atingidos por desastres reunidos com o ministro da Ciência e Tecnologia, Aloisio Mercadante

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